Mas comigo não foi bem assim...
Eu estava lindinha e peladinha (embora já não mais tão mocinha) no chuveiro, atrás de uma cortina plástica opaca... Mas, aguardava meu namorado para um tórrido banho de verão. Sim, tórrido porque faz tanto calor nesse verão infeliz do Rio de Janeiro que até a água do chuveiro estava tórrida (apesar do chuveiro na posição off).
Gritava eu lá de dentro do box, feliz da vida debaixo d'água, depois de um dia de trabalho quente demais:
- Gatiiiiiiiiiiiiinho, cadê você?
Ele demorou a responder.
De repente ouvi uma porrada no chão!
O barulho era de chinelo espatifado. Silêncio se seguiu...Resolvi colocar a cabeça pra fora da cortina do chuveiro e pude apreciar a cena de batalha que se segue:
O homem estava nu, agachado no chão, com um dos chinelos na mão, usando-o como arma. Era quase um gladiador, todo sério e concentrado em destruir o inimigo. O outro chinelo jazia em frente a uma enorme lacraia encurralada no canto da parede.
Diferente das mocinhas dos filmes de terror, eu não quis gritar. Fiquei simplesmente hipnotizada pelo inseto. Bizarro. Enorme! Com muuuuuuitas pernas. Mais pernas do que eu pensei ter visto na vida em um bicho só.
A cena transcorria como numa luta de arena. O centurião empunhava sua arma, pensando na melhor estratégia para abater o inimigo com apenas um lance (o chinelo que lhe restava) e a lacraia gigantesca atordoada com o primeiro golpe já desferido, mexendo freneticamente as pernas peçonhentas que usa como arma.
A água do chuveiro corria e eu com a cabeça pra fora, totalmente imóvel e hipnotizada pela cena, pude ver que a cabeça da lacraia já estava amassada e que os "ferrões" mexiam-se com uma velocidade incrível. Era claramente perceptível que a lacraia, frente a frente com o gladiador, decidia se atacava e enfiava os "ferrões" no inimigo ou se retrocedia e se metia no primeiro buraco úmido que encontrasse (e onde ela coubesse!).
A tensão pairava no ar, em meio a exclamações de assombro quando o gladiador se retirou de cena, deixando a enorme lacraia cheia de pernas e adrenalina, além dos ferrões pra cima, sozinha comigo no banheiro... Mais tensão...
Então, o gladiador voltou à arena, se esquivando por trás do inimigo aturdido, mais próximo da arma dele do que nunca, e desfere o golpe final... Uma nuvem de spray branco invadiu o banheiro e cobriu o monstro de branco. Ele esperneava... E como esperneava!
Já se formava uma poça d'água embaixo de mim, espectadora do circo de horror, quando finalmente a lacraia gigantesca parou de se mexer debaixo do veneno inseticida que pintava seu corpo segmentado de branco. O corpo do bicho vencido foi erguido pelo gladiador e lançado para um canto distante, fora da arena.
Voltei ao meu banho ainda impressionada com a agressividade e a aparência bizarra do bicho. Recebi o herói dentro do box com carinho...
Também diferente dos heróis dos filmes, ele estava um tanto traumatizado e tenso com a batalha, mas, como todo herói que se preze, não deixara de salvar a mocinha. A primeira coisa que disse foi:
- Por quê essas coisas sempre acontecem comigo quando estou pelado?!
Ah... Meu herói!
Somente os tolos não sentem medo. O verdadeiro guerreiro é aquele que reconhece o medo, tira proveito dele, e o transforma no prenúncio de uma grande vitória.
ResponderExcluir(Mas que lacraia filha da p...)
Menina tenho traumaaaaaaaaaaaaaaaaa de Lacraia
ResponderExcluirUm belo dia eu dormindo de blusa de moleton senti uma dor no braço como tenho muita caimbra conclui que era... mais senti de novo algo estranho e levantei e tirei a blusa era uma desgraçada de uma lagarta que me deixou apavorada as 4 da manha a daqui foi queimado por meu herói meu pai.