segunda-feira, 10 de maio de 2010


Quando você se sente cansada da vida, você pensa: "Será que existe um herói? Onde está ele?"
Quando o dia acorda cinza, você leva três horas para chegar ao trabalho, com todos os caminhos bloqueados e até a embarcação que você usou no trajeto ficou à deriva por algum tempo devido a "problemas técnicos", você pensa: "Por favor, herói, vem voando e me carrega no colo!"

Quando você pensa nas horas e horas sentadas à sua cadeira, presa à sua baia como um animal, sem sequer perceber que a luminosidade do dia mudou e que as nuvens se movimentaram de lugar no céu, e sentindo os olhos ardendo com a nociva luz emitida pelo monitor, você pensa: "Apareça, meu herói, preciso ser salva e levada daqui..."



E quando, no final do dia, exausta, você ainda tem que encontrar seu lugar na multidão intinerante que tenta voltar pra casa, só para fazer tudo de novo no dia seguinte, você tem vontade de gritar: "Há algul herói por aí?! Preciso de você!"

No sufocante e suado trajeto de retorno ao seu esconderijo noturno, ainda há tempo pra refletir nos amores... ou mais precisamente, na falta deles... e pensar: "Cadê você, meu herói? Preciso que você me ame!"

Queremos ser salvas da engrenagem que nos impele no cotidiano obrigatório da CLT, das aglomerações diárias no percurso engarrafado e cheio de percalços e pessoas perdidas como nós...

Queremos ser salvas das opressivas 8 horas de trabalho árduo que não respeita nossas limitações físicas e mentais nem nossa vontade, e da dor de caminhar sozinha, à mercê de corpos masculinos desprovidosm de boas intenções... e que desconhecem confiança e continuidade.

Quero encontrar o meu herói!
Afinal, se ele existir, pois já não acredito mais. Ainda assim, espero. A teimosa esperança que tento abafar jogando em cima ideias corriqueiras e concretas para evitar que tome conta de meus pensamentos e acabe contaminando meu solitário coração.

Quero gritar "ONDE ESTÁ MEU HERÓI?" mas rejeito a vontade com a voz mais rude que tenho dentro de mim e que gravemente, como um sábio e aborrecido pai, diz: "Não existem heróis, menina! Não espere por eles!"

Triste, decepcionada, desacompanhada, levanto a cabeça em meio à multidão nas ruas, olhos em torno incrédula e me pergunto baixinho e temerosa: "Tem algum herói aí pra me salvar? Tô te esperando, amor..."

Mas o herói que imaginamos sofre como nós. Não usa capa ou espada e não vem montado num cavalo branco (talvez tenha suado para pagar o pangaré em suaves prestações a perder de vista).



O herói que esperamos é comum como nós, mas traz conforto no aconchego de seus braços, admiração no brilho de seus olhos e carinho no sabor de seus beijos. E é um herói dos bons, que como um fiel e querido cão, vai nos acompanhar lado-a-lado, destemido e amoroso, em qualquer situação.

Será que tal herói existe fora de minhas mais secretas fantasias românticas de garota boba que passou dos 30, que luta, que estuda, que não mede esforços em trabalhar mente e corpo em busca de um "eu" melhor?

E eu grito: "Vem meu herói, vem ser humano e crescer comigo! Só quero você ao meu lado para saber que tudo vai ficar bem... Pega minha mão e me dá forças para continuar ou vagarei eternamente sem destino, rumo ao meu destino."

Quero achar você! Preciso achar você, herói!
Por favor, exista!

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