sexta-feira, 17 de junho de 2011


Temas tão repetitivos, mas que sempre nos chamam atenção. Nós seres humanos andamos viciados em paixão e carentes de amor. Mas não sabemos nada disso.

Confessa uma amiga minha, com o rostinho choroso:
- Ahhh, acho que não amo mais o meu namorado. As coisas estão esfriando...
Situação: Namorados há quase um ano, ele se mudou para os EUA a trabalho há uns meses e ela ficou no Brasil para juntar dinheiro e ir morar com ele. Enquanto aguarda a resposta da universidade onde pretende estudar, ela cogita se quer mesmo ir morar com ele no exterior.

Claro que quer! Sempre quis! Mas o tempo passa, e, as pessoas, não podendo se ver tanto quanto queriam e não estando mais juntas fisicamente, têm aquela sensação de "esfriamento" da relação. A carência vem e o ex-namorado de repente parece a pessoa mais interessante do mundo!
Quando eu chamo a atenção dela pra isso, ela diz:
- É mesmo. Acho que a gente fica viciado na paixão. E como não sinto mais aquele fogo (leia-se desespero) todo, fico achando que não sinto mais nada.

Pois é.
Isso resume tudo. Vício. A supervalorização da paixão. O descaso com o amor, que leva tempo e pressupoe dedicação e conhecimento do outro, respeito ao seu jeito e admiração de sua personalidade (entre um milhão de outras coisas).

Mas a paixão vende mais. O tesão vende mais. E o resultado é que todo mundo se come. Todo mundo se pega. É legal a pegação carioca. É o auge da droga "pegar" a maior quantidade de pessoas possíveis. As pessoas tornaram-se descartáveis. Como todos os outros produtos da nossa era.

Aí o ser humano encontra alguém, se apaixona na primeira semana. Diz que ama na segunda. E na terceira semana desgosta, sente descaso total, passa pro desprezo... Em menos de um mês já está buscando outro "amor".
Desgastante.
 

Uma outra situação é o casamento. Fundado no amor sólido e eterno, ele tem suas crises e as pessoas não estão preparadas pra isso. Acham que o mundo acabou e tendem a pensar imediatamente na separação/divórcio. Também acham que o amor acabou porque não há mais tesão.

Confessa um amigo meu, muito apaixonado pela mulher e sendo mal tratado por ela há anos, suspeitando de traição da esposa, com a cara mais tristonha do mundo:
- Vou viajar e esfriar minha cabeça nas férias com os meus amigos (de outro Estado). E se eu arrumar uma mulher bem gostosa... Muito gostosa mesmo... eu ia ficar feliz - e, de repente, caindo em si, olhando pra dentro, baixou os olhos e corrigiu: - Não precisa ser gostosa nada! Basta me tratar bem...

Isso  resume bem a situação humana: confusa e tristonha.
Os relacionamentos não são fáceis, nem estáveis. Assim como os seres humanos também não são.
Então, cabe a nós olhar sempre pra nós mesmos, pensar no que queremos, no que nos faz bem. Deve ser o que se quer dizer com a expressão "seguir o coração".
Eu não gosto de usar esses termos porque o coração é emoção e essa varia mais que qualquer bolsa de valores conhecida no mundo. O melhor mesmo é ser o mais racional possível num campo onde a racionalidade é quase inviável... mas necessária.

É muito necessário olharmos para nós mesmos e, ao olhar para o outro, darmos o valor real que o outro ser humano tem.
Nada de colocar o outro num altar, nada de apreciar apenas aparência física, nem viver caçando tesões de verão. O que o ser humano precisa vai além disso, muito além, e requer esforço e dedicação... de ambas as partes.

Pobres seres humanos dos tempos modernos...

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