segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Pronto, chegou o último dia do ano, todo mundo animado, soltando o diabo dos fogos. Não sei por quê essa merda é assim! Esse barulho todo serve pra saudar o início de alguma coisa? Nessas horas preferia que o povo orasse em silêncio... E, que coisa boa o barulho pode trazer? Levamos sustos e os cães, sabidamente, ficam irritados ou desesperados. E, se o cão é o melhor amigo do homem, por quê diabos o homem inventou os fogos de artifício???





E se fosse um belo conjunto de fogos, devidamente arquitetados e que, coloridamente, iriam pintar o céu escuro À MEIA NOITE, tudo bem, eu até aceitava o miserável costume. Mas não é!!! O que dizer desses fogos malditos que explodem sozinhos, na casa do vizinho, sem aplausos, sem cores, sem nada? Só barulho. Pra quê?! Que ódio! Pra quê?!

Meu pobre Beni só estava costurado e cheio de dor hoje por causa de uma porcaria dessas. O infeliz do vizinho soltou dois, bastaram dois! A luta canina se iniciou e terminou com o Beni ferido e tomando antibiótico e antinflamatório, além de remédios pra dor. E eu revoltada.

O último dia do ano ia bem, Beni solto na casa, entre a gente, vendo os preparativos para a ceia. Parecia bem melhor que no dia anterior e já se levantava sozinho parecendo não se importar com a dor. A noite foi se aproximando e os malditos fogos agora estouravam por toda a cidade. Não havia paz!

Beni, enlouquecido pelo barulho, mal se lembrava dos pontos e das patas doloridas e suturadas e pulava até a janela da sala (baixa) para sair ao jardim e latir para os fogos. Em transe ele latia sem parar. Olhos esbugalhados e focinho de quem reclama do barulho, respiração acelerada. Acelerada demais!



A gente tentava acalmá-lo, mas éramos impotentes contra os famigerados rojões barulhentos e inúteis que pareciam alegrar os mais idiotas, incluindo o vizinho. Onze e meia, o pior momento se aproximava e eu lembrei que a Athena, a filhote de 7 meses que estava no quintal atrás da casa, nunca tinha passado por um reveillon antes. Eu não sabia a reação dela, mas previ o pior.

Resolvi ficar com todos os cães perto de mim. Namorado foi buscar os cães e a zona se instalou na sala. A chuva torrencial havia molhado os bichos que entraram patinando agitados na sala. De repente os fogos começaram em algum lugar. Como eu temia, Athena ficou apavorada e corria pela casa toda. Escalou o sofá como um gato e sem saber para onde ir correu pro quarto do meu amigo e enfiou a parte do corpo que cabia em baixo da cama box dele. Tremia toda e não queria ficar sozinha.



A essa altura o enorme e dourado Bruce já estava TODO encolhido em cima do meu colo e do Namorado, enquanto o pequenino dachshund Toni tentava se esconder atrás dos meus pés, no chão, todo encharcado. Os fogos mal tinham começado, na TV também, e eu mal conseguia administrar a situação.



Beni latindo, mesmo machucado, em frenesi no jardim na frente da casa e Apolo, com seu latido alto e grave, frenético também no quintal, nos fundos da casa. A gente agarrado ao Bruce e Toni, e de repente, após mais uma enorme explosão no vizinho, entrava Athena pela sala, escorregando pelo chão encerado da casa subindo no sofá toda molhada e enfiando a cabeça atrás do meu amigo no sofá ao lado. Tremia sem sossego. O terror era total!

Após a meia noite os fogos diminuíram por alguns minutos. Os cães ainda não haviam parado de tremer (uns) e de latir (outros) e nós achamos que tudo se acalmaria dali por diante. Lembramos do espumante em cima da mesa, mas ao tentarmos abir, o espumante explodiu alagando as comidas e melando as paredes da sala e do corredor, o espelho, o chão, as cadeiras, tudo. Sobrou um pouquinho e dividimos por três.



Minha mãe ligou ao mesmo tempo que os fogos dos vizinhos voltaram a estourar e a cachorra apavorada voou de um sofá para o outro, onde eu estava sentada, não sem antes derrubar a mesinha entre eles, o telefone e enfeites de natal que estavam em cima dela. Desliguei o telefone, impossibilitada de dar atenção a qualquer um que não fossem os cães.

Beni, recém costurado e ontem mesmo imóvel de dor, parecia endemoniado latindo sem parar  e pisoteando o gramado, enchendo as patas de terra, encharcado, latindo pra cima, correndo de um lado para outro. Eu tinha medo de voltar o sangramento, mas não podia contê-lo.

Apolo lá atrás começava a ficar rouco de tanto latir. Seu olhar era alucinado, fora de si, seu peito arfava nervoso, extremamente excitado. Sua presença na sala, por alguns segundos contagiou o Bruce que estava deitado, mais calmo, a meus pés e quase começou uma nova briga dentro da sala! Coloquei Apolo no quintal sozinho e o deixei latir até de manhã. Pobre cão.



Fechamos o janelão da sala para abafar o som dos malditos fogos. O calor e o suor nos dominavam, assim como o cheiro de cachorro molhado. Um terror. 1 hora da manhã e resolvemos tentar dormir. Os três cães apavorados não queriam sair do nosso lado. Impossível colocá-los lá fora.

Tentamos diversas vezes dividir os cães nos cômodos da casa mas o medo é sempre de eles destruírem alguma coisa ou se machucarem no meio da noite. Deixei Beni e Apolo latindo lá fora, separados entre si, e os outros três na sala.

Finalmente sós.... A noite ainda não tinha acabado... Vamos comemorar 2012?

(Parte final: O Reveillon e os cães III)


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