Pré-retorno ao mundo
Sensação de início. Um início de novo. Que nem retorno de férias da escola quando a gente é criança. Estamos doidos pra começar, lápis de cor novo, cadernos encapados e livros novinhos com o conteúdo que iremos aprender, os amiguinhos... mas dá aquele frio na barriga pois sabemos das responsabilidades e lembramos de todo o trabalho que vai dar. Aí na hora mesmo, não queremos ir...
Pois é... Estou assim.
Há três meses e meio em casa, já estabeleci rotina agradável e sem pressões. Fácil de se acostumar... e gostar. Ainda assim, ter que encarar fila de banco no início do mês para receber apenas 80% do salário, estar longe da faculdade sabendo que as aulas já começaram e há contagem regressiva pras provas, ficar sozinha o dia todo - sem a devida mobilidade - com tempo pra jogar fora e os dias passando, entre outros detalhes desse período, não é bom. Então preciso voltar.
Mas no fundo não quero. Tenho vários medos e questões. Parece que estou no pé da montanha e tem MUITO o que subir...
Estou com medo de demissão. O chefe já demitiu um colega semana passada sob o pretexto de estar reformulando o setor. E se ele me reformular? Tenho medo de chegar e o chefe achar que não precisa mais de mim, que alguém já faz o que eu fazia ano passado, quando quebrei o pé. Então, pra quê eu? Medo.
Isso sem contar que eu faço um trabalhinho burocrático que não tem NADA a ver comigo e que não me acrescenta em nada. Só paga as contas. Então, levanto cedo todo dia pra ir pra um trabalho que detesto, que não me dá perspectivas e não acrescenta nada à minha nova carreira. Sinto que perco meu tempo lá. Então, obviamente os resultados são aquém do que eu poderia fazer. Sinto-me culpada, mas simplesmente não consigo render mais e melhor. Não gosto daquilo. Aí, a ideia de voltar pra lá não contribui...
Estou com medo também de voltar a usar o ônibus. Essa merda do BRS, essa alteração caótica de pontos de ônibus, linhas de ônibus e itinerários que me roubou o conforto e segurança de voltar pra casa à noite, depois da aula, sem maiores transtornos. Minha opção agora é andar sozinha no centro do Rio de Janeiro quase nove horas da noite uns 6 quarteirões até o ponto final do ônibus (que era embaixo do prédio da faculdade!); ou andar uns 4 quarteirões e esperar sozinha no meio da rua, num local ermo e escuro, até o ônibus passar; ou ainda fazer baldeação com dois ônibus cujas passagens vão dobrar meus gastos e ainda ter que esperar o segundo ônibus 10h da noite em algum lugar de Niterói.
Não, as opções não são boas. Nem de longe.
Bom seria ficar em casa, sem ter que me estressar com bandidos na noite e assaltos a ônibus. Minha integridade física e emocional agradece.
O trânsito caótico também não me anima. Levar em média de três horas para chegar no trabalho é algo assustador. E tende a piorar. Usar as barcas é inviável e pegar a Ponte Rio-Niterói é um suplício. Tenho que acordar às 5:30h da manhã, só para cumprir um trajeto que em final de semana levaria 30 min, e ainda assim não conseguir chegar às 08:30h no trabalho. Um verdadeiro cu.
Porém há uma coisa de bom em voltar ao trabalho: a academia! Ali embaixo do prédio onde trabalho, fica a academia me esperando. No período em que fiquei em casa engordei 10 quilos. Um terror! Já gastei uma boa grana comprando roupas que coubessem em mim para voltar a trabalhar. Não cabia mais nada! 110 kg! Apavorante. Minha coluna reclama pra dormir e o pé em recuperação certamente se sairia melhor sustentando menos peso. Hoje liguei pra professora da academia e chorei pra voltar sem o atestado médico mesmo. Preciso! Por causa do peso sim, mas principalmente porque gosto! Saudades de gastar minhas energias e rir muito levantando peso. Isso seria bom.
Então é isso. Sensação de final de férias, com aquele comichão na barriga que me diz que algo não será bom, que pepinos, abacaxis, merdas e más notícias me esperam.
Mas não tem o que fazer. É enfrentar e viver pra contar a história...
Volto amanhã!
Relaxa, não se esqueça de que o Universo conspira e você faz parte dele!
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