terça-feira, 2 de novembro de 2010

Passei o feriado todo desfrutando da série Spartacus - Blood and Sand. Assisti a vários episódios na sequência com o fervor de quem se lambuza com um divino banquete de sensações.
Aquela areia seca, volta e meia encharcada pelo sangue de algum pobre gladiador escravo apenas para deleite de seus senhores ou em troca de favores políticos. Aqueles corpos perfeitamente talhados, músculos desenhados dignos de grandes guerreiros, semi-nus, os contornos à vista para serem apreciados...

Um verdadeiro desfrute para os olhos. Muitas cenas de fúria entre esculpidos guerreiros, enormes e fortes homens atracados, lutando por algum ideal dentro de si, ou apenas por glória, a vaidade dos tolos. Ainda assim, um belíssimo e sangrento espetáculo para se assistir na tela. Imagino que os romanos tenham realmente apreciado as lutas, uma vez que pude comprovar que instigam os sentidos.

Mas a série, assim como os seres humanos, não é composta apenas pela aparência, não desmerecendo o espetacular visual. As conspirações, traições e paixões que movem as pessoas é que realmente são o tempero dos fatos e o que prendeu minhas atenções todo esse tempo. Enquanto assistia, refletia, sentia, junto com os personagens.

Impossível não viver junto com eles as diversas traições. Não me poupei de sentir pena de um homem abandonado por seu amor, e nem de sentir respeito e honra por aqueles que lutavam e dariam suas vidas apenas para reverem suas mulheres ou mesmo só para terem a certeza de seu bem-estar. Isso é louvável. Evidentemente não pude deixar de pensar que vivemos em tempos em que esse tipo de sentimento é escasso nas pessoas atuais que vivem a modernidade líquida, a maldita era do individualismo.

E vendo todo aquele sangue sendo derramado à toa, por vezes com motivo, eu me vi torcendo pela morte de alguns personagens. Incrível como o ser humano é volúvel e movido por paixões. Isso não é novidade para mim, pois sei que sou uma mulher extremamente emocional, movida por sentimentos grandiosos, que me elevam acima dos mortais, me fazem gozar de alegria, me oprimem por vezes, ou me entristecem, e assim embalam a minha vida. Não gostaria de ser diferente.

Assim, olhando batalhas, lutas homéricas, sexo, corpos nus, ódios e vaidades de personagens da série Spartacus, descobri uma coisa em mim mesma. Sim, acreditem, o ócio e o lazer também rendem  frutos. Nesse meu caso, a autodescoberta de mais um dos meus segredos...

Imaginem a cena: um enorme gladiador, cansado após a última luta que foi obrigado a travar, sozinho em sua cela. Atormentado, ele lembrava dos últimos instantes do que seria apenas uma exibição de batalha, mas que, por um capricho qualquer de um bobo e poderoso adolescente masculino devidamente influenciado por uma belíssima, diabólica e vingativa mulher, se tornou uma tragédia. 
Eu observada o musculoso espécime, poderoso, forte, cheio de virtudes, não apenas uma besta, mas com aparência de uma. Era um troglodita barbado, de abdomen desenhado, forte como um touro, de belas feições grosseiras iluminadas por puros olhos azuis, um tesão aos olhos de qualquer mulher... e de repente ele chorou.

Junto ao sangue e suor que ainda escorriam de seu rosto, desciam também lágrimas. Lágrimas de uma mágoa que ele não podia arrancar do peito. A morte de seu amigo. Seu único amigo. Contra sua vontade, através de suas próprias mãos. Uma morte desnecessária, que em segundos, levou embora toda a convivência e amizade que os unia há tempos. Imaginar tal dor me fez ter pena do pobre gladiador, abatido e derrotado pelo seu próprio coração.

Ah! Imaginei que não haveria nada mais atraente que apreciar um belo, forte e rude espécimen masculino, um touro em forma de homem, esculpido à perfeição e, ainda por cima, semi-nu....
Mas, para minha surpresa, descobri que, no meu conceito, mais atraente que esse enorme e grosseiro homem é observá-lo fragilizado, com um rosto banhado por lágrimas de verdadeiro sofrimento.

Descobri em mim nessa hora um sentimento enorme e incompreensível de amor por ele, de vontade de tê-lo abraçado em meus braços e de fazer carinho nele até que sua ferida sarasse.
Uma vontade gigantesca de ser o ombro no qual ele chora e a mulher que o fará recobrar as forças e seguir em frente. Nessa hora do filme, percebi o meu "fraco" por enormes e aparentemente invencíveis homens frágeis. 

Deliciosamente frágil. 
Penosamente ferido.
Extremamente atraente pra mim...







Seria isso estranho? Acredito que não. Pois mais interessante do que um colosso, é um homem de verdade, que demonstra seus sentimentos, que é verdadeiro naquilo que acredita. E pra esse homem... eu seria tudo que ele precisasse!

E viva Spartacus!

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