sexta-feira, 27 de maio de 2011


Impressionante como a comunicação e a falta dela afetam diretamente as relações humanas.
Duvido que um rosnado mal dado seja percebido erroneamente por um outro cão como uma verdadeira ameaça e dali os bichos se atraquem numa briga mortal. Duvido que um gato olhe para o outro e, percebendo um olhar meio de lado, entenda que o outro animal queira seu mal eterno e decida, baseado nisso, afastar-se do colega felino para sempre.

Duvido!
Os bichos se entendem melhor que os inteligentíssimos seres humanos.
A capacidade de compreensão do bicho-homem é diretamente proporcional à sua capacidade de magoar o outro baseado em verdades extraídas apenas do seu próprio entendimento sobre os fatos ou palavras de autoria do outro.

Ou seja, o homem ouve uma coisa, entende o que quer, segundo sua própria percepção, não pergunta nada ao outro (emissor da frase), e tira suas próprias conclusões. Julga os fatos e toma decisões com apenas parte da história. Não busca conhecer nem entender o outro, também não procura saber os motivos que levaram o outro a dizer tal coisa.



Não! Isso não importa, porque o ser-humano, iluminado, já "sacou tudo", bastando escutar o outro, somar ao seu tom de voz, interpretar segundo seus próprios valores (e não os de quem falou!), e decidir as atitudes a tomar. Pode decidir não falar mais com o outro para sempre, pois o outro, só porque falou uma coisa que o ser-humano não gostou, merece ser execrado como a pior pessoa existente na Terra.

Assim é a nossa singela capacidade de entender. Entendemos o que queremos e como queremos. O outro realmente não importa. A isso chamamos de mal-entendido advindo da falta de comunicação. Uma lástima. Com alto poder corrosivo e destruidor de amizades e relacionamentos.



Bastaria o ser-humano, do alto de sua mega-super-inteligência, se esforçar para ouvir o outro. Ouvir significa perceber a real intenção do falante. Na dúvida, pergunte a ele o que ele quis dizer. Dê ao pobre a chance de se explicar. Como é na Justiça.

 Está na Constituição: é o devido processo legal. O direito que toda pessoa tem de se explicar diante de um fato que lhe é imputado, a verdade que o outro disse sobre ela. O outro lado da história deve ser dito! E ouvido! Não basta uma só percepção. A verdade pode ser totalmente oposta do que se pensa!

Conversemos! Expliquemos!
Não tiremos conclusões precipitadas!

E pior, não ajamos conforme maus-entendimentos.

A espécie humana é rainha da comunicação. Inventou diversas formas de mídia, está plugada e comunica-se a todo tempo por várias maneiras e, no final das contas, parece estar perdendo a capacidade de se comunicar.

Homens e mulheres não conversam. Pais e filhos não se entendem. Amigos e amigas discutem e deixam de se falar pela pura preguiça de ir conversar com o outro e perguntar o que ele realmente quis dizer, como ele se sente, etc. As relações se vão. Mortalmente feridas pelas palavras.



Palavras às vezes mal colocadas. Palavras ditas sem intenção. Palavras que soaram ao ouvinte de forma diversa da real intenção do falante. E para a solução dos conflitos daí advindos, bastaria a conversa.

Comunicação.

Inabildiade de comunicação. É desse mal que sofre a humanidade.
Se a cada passo, desvio ou pequeno erro, as pessoas parassem para questionar o outro e entender o que ele quis dizer, as relações estariam todas destinadas a um futuro melhor. Mas, sentimentos infelizes como a raiva, o orgulho, a indignação e o egoísmo impedem  a pessoa de dar ao outro a chance de se explicar, se desculpar e de reatar a relação, conforme estava, sem ruídos.



Se o cão rosna e o outro cão entende o rosnado. Se a cauda balança e os dentes estão à mostra o sinal é claro. Mas, se um cão emite um sinal qualquer e o outro não entende, não há briga, não há reação. Entre os animais, as atitudes só ocorrem depois do outro mostrar exatamente o que quer dizer.
Aprendamos com os animais e deixemos de ser animais!

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