segunda-feira, 16 de maio de 2011

Não entendo o que dá nas pessoas. Por quê elas não podem simplesmente viver suas vidas e deixar as outras pessoas em paz? Por quê há essa necessidade desesperadora de dar opiniões e conselhos sobre a vida alheia?

Pois lá estava eu na copa do meu trabalho junto a mais três queridos colegas de trabalho. Tomávamos o que divertidamente chamamos de "chá da ambiência", quando saímos das nossas isoladas baias, onde trabalhamos o dia todo vidrados cada qual no seu monitor, e conversamos sobre besteiras da vida. Descontração. Essa era a ideia.

Aí, conversa vai, conversa vem, o papo recaiu sobre maternidade e as maravilhas de se ter filhos. Claro que meus colegas estão cansados de saber da minha posição. Não quero ser mãe. Não serei mãe e pronto!

Não é caso de problemas médicos que me tragam riscos, nem é caso de falta de suporte familiar, nem sou tão pobre que não possa sustentar um bebê... É uma opção: simples assim!

Mas meus colegas de trabalho volta e meia me enchem a paciência, afirmando categoricamente que eu VOU mudar de ideia,  e que isso VAI acontecer de qualquer jeito. Dizem também que eu VOU gostar, que é MARAVILHOSO... Que isso é questão de tempo! Quem são eles pra saber como é ser eu?

Gente, por favor! Pode até ser maravilhoso ter filhos, mas pra quem quer! Isso é uma decisão pessoal. Eu já tenho 33 anos, já fui casada e nunca quis ter filhos. Nao sou uma mulher imatura. Ao contrário, exatamente porque sou madura, olhei pra mim mesma e pro estilo de vida que desejo levar, e para as coisas que quero ainda fazer, e para meus sonhos... e simplesmente não encontro lugar na minha vida para uma criança. 



O mundo está cada dia mais difícil e eu vejo tantas injustiças, pessoas sem condições de estudar e de ter uma vida digna. A população mundial aumentando e junto com ela suas mazelas (criminalidade, intolerância, ganância, fome, descriminação...) e não consigo perceber que bem eu faria colocando mais um filhote de ser-humano no mundo.

Prefiro deixar a gravidez para aquelas mulheres que AMAM pequenos bebezinhos e que não vêem a hora de estarem GRÁVIDAS, de cuidarem de suas CRIAS, custe o que custar (muitas vezes até sozinhas, sem suporte de um companheiro para tornar as coisas mais fáceis). Que tenham seus bebês então, se querem tanto! Mas, por favor, me deixem em paz.

Reservo-me o direito de ser diferente, crítica, humana, prática e sonhadora. Quero poder me aventurar pelo mundo, experimentar, descobrir coisas. Como poderei fazer isso com um filhote pendurado na minha saia? Mil contas relativas a creche, uniforme escolar, roupinhas, remedinhos, depois são boates, roupas da moda, carro do ano, faculdade... E não sobra dinheiro pra eu viajar. Como conhecerei os milhões de lugares do mundo, ficando ausente por meses a fio, se eu tiver uma criança com a qual me preocupar o tempo todo?



Aí me chamam de egoísta, que só penso em mim. Ao contrário! Exatamente por saber como sou e por não querer ser uma mulher frustrada nem me sentir presa em casa e, consequentemente, não ser uma boa mãe, prefiro me abster da maternidade. Sou realista. Honesta comigo mesma. E sofro as consequências.

Na copa, enquanto eu dizia o quanto não queria ser mãe, uma moça que entrou na copa mas que não fazia parte do meu grupo, me olhava de rabo de olho. Um olhar de extrema reprovação, como se eu estivesse falando alguma coisa indizível, obscenamente perturbadora, enormemente reprovável! Olhar fulminante enquanto eu falava e até meus colegas inconformados tentando me convencer da "fantástica e simples" maternidade, e de como isso muda sua vida! E quem disse que eu quero que mude?!

A sociedade cobra um comportamento da mulher sem dar suporte a ela. Cobra a maternidade como forma de completar o "ser-mulher", mas não facilita a sua entrada e permanência no mercado de trabalho, nem cria horários flexíveis para ser mãe. Não perdoa as modificações naturais do corpo, na sua extrema ânsia por vender cosméticos e peitos de plástico. A sociedade não dá conta das milhares de minorias que sangram e sofrem em seu seio, mas quer cobrar de cada mulher que procrie, pois ser mãe é o destino "natural" de todas as mulheres. Não é! 

Sou uma mulher diferenciada, que tem outros desejos, outros horizontes, outras escolhas.
Essa é minha escolha. Não ser mãe.

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