sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Chega! Resolvi me livrar das minhas barbas e bigodes!


 Como toda boa mistura de italiana com portuguesa, tenho barbinhas e bigodinhos chatinhos que me acompanham a vida toda... Acho charmosinho o bigode do meu pai, mas não, não gostaria de homenageá-lo desse modo.

Então marquei (novamente) uma consulta de avaliação numa clinica dermatológica especializada em depilação à laser. Pertinho do trabalho, pra facilitar as diversas sessões. Avaliação feita, tive que esperar eternos 17 dias para a primeira sessão.

Ansiosa, cheguei antes e perturbei a recepcionista com mil perguntas. Claro que ela não sabia responder nenhuma delas. Eu tinha mesmo que esperar a médica. Enquanto conversava na recepção, fiquei observando uma inquieta mulher vestida de branco entrar e sair agitadíssima do consultório pedindo várias coisas às meninas da recepção.

A mulher saía da sala e pedia uma pasta com as fichas das pacientes. Entrava na sala. Segundos depois saía da sala de novo pra perguntar qualquer coisa. Entrava novamente. Mais uma vez saía da sala instantes depois com uns trocados na mão pedindo pra comprar giletes descartáveis, pois ela estava sem. Aí entrava de novo. E assim se seguiu. E havia uma paciente lá dentro!

Impressionante a velocidade com que aquela mulher falava e lembrava de coisas fragmentadas, e dava instruções para as recepcionistas, e entrava e saía daquele consultório. Eu só esperava que fosse uma coisa passageira, pois comecei a achar que a tal mulher era a minha médica! Socorro!



Chegou a minha vez e era isso mesmo. A mulher frenética era a doutora dermatologista que iria me livrar das minhas barbas. Pensei comigo enquanto ela freneticamente falava comigo e perguntava coisas da minha ficha, tudo ao mesmo tempo: "Como ela conseguiu se formar em medicina? Ela consegue se concentrar pra estudar?!"

Eu cheia de dúvidas, e ela falando rápido demais, enquanto ia ajeitando a maca e pegando as ferramentas, como se fosse a coisa mais corriqueira do mundo pra ela. Mas pra mim não era. Eu estava ficando preocupada. (E olha que tem gente que me diz que EU sou frenética!!! Eles não conhecem o que é ser frenética!)

A maluca me colocou deitada e me deu de cara duas bolinhas de apertar, anti-estresse. (Que engraçado!) Isso porque eu eu tinha brincado dizendo que estava "tensa e ansiosa pelos resultados" pra fazer um clima amigável, com a intenção de fazê-la rir e me confortar, mas a criatura disparou explicações de hormônios x tensão x crescimento dos pêlos. Quando percebi, ela já estava falando sobre tomar um anticoncepcional específico ou trocar o que eu já uso só pra diminuir os pêlos! Doidinha.


 De repente ela me deu uma touca e me vendou os olhos com um tipo de óculos de natação metálico. Ao mesmo tempo me enfiou qualquer coisa macia na mão e disse que os óculos me protegeriam do laser. Eu comecei a ficar com medo. Sem enxergar, tentei reconhecer o troço que ela havia enfiado na minha mão, quando a ouvi dizer, em sua torrente interminável de palavras e frases, que eram gazes para eu proteger o dente do laser. Hein?! Disse ela que os dentes doíam ao fazer o buço.

Meu deus, no que fui me meter?! Já estava começando a considerar que as bolinhas de apertar já não eram tão absurdas assim, afinal. Aí ela disparou outra pergunta, sempre organizando o consultório e arrumando os equipamentos que ia usar, sem que eu a visse por causa dos óculos-venda:

- Você já aplicou o anestésico? 
Hein?! Ninguém me falou disso... Socorro. Não apliquei nada! Vai no seco? Você não pode aplicar não, doutora? Enquanto eu pensava nisso e lentamente negava com a cabeça, ela disparava:

- Ah, não tem problema não. É que algumas pessoas usam anestésico. Tinha que ter passado há uma hora atrás. Mas a maioria não usa nada não. E blá blá blá, blá blá blá...

Com certeza ela tinha tomado cafeína demais. Louca, frenética, alucinada. Pensando bem, ela devia ter cafeína ou ecstasy no lugar de sangue nas veias! E eu cega, deitada cheia de gaze na boca, touca cirúrgica e bolinhas de apertar nas mãos, antecipando a pior das sensações do mundo. Minha expectativa tinha acelerado meus batimentos cardíacos e eu já estava na fase "to na merda, to na merda e meia", ou seja, relaxa que não tem mais o que fazer.



De repente ela enconstou algo no meu buço e a máquina apitou. E foi na sequência fazendo isso repetidas vezes, cobrindo toda a área acima da boca. E falando sem parar. A dor me atingiu em cheio, como se alguém esfaqueasse meu rosto! E eu ali no escuro dos óculos protetores, sem nem poder ver o que me acontecia. Um terror.

A dor na sequência me atordoava e ela descia com uma espécie de canetinha que apitava, em direção ao meu queixo. Uma das coisas que ela dizia, entre "tadinha" e "vai doer" era "hiii, aqui doi né?". E a dor misturada com queimação me fizeram xingar com a boca cheia de gaze. Consegui perguntar de boca cheia, meio imóvel: "Que cheiro é esse?"

Ela rapidamente respondeu: "É o cheiro de pêlo queimado, é assim mesmo, eu já nem sinto."
Pra mim parecia enxofre quente. Ou talvez pele queimada. Sei lá. Aterrorizante. Mais ainda se você não está vendo nada.

A barba foi o mais foda! Malditos pêlos grossos e reunidos na região do queixo! Dor alucinante, pele queimada, ardência geral na cara. E ela repetia a aplicação no queixo e pescoço, dor em cima da dor, eu agarrada nas bolinhas anti-estresse e reclamando de dor.

Acabou. Doeu, mas pelo menos foi rápido. Acho que uns dez minutinhos só. Claro que pareceu 1 hora. Ela dizia que eu ia ficar muito feliz ao mesmo tempo em que me dizia que eu tinha ficado com casquinhas na cara. Hein?!! Eu tinha lido que em alguns casos raros poderia ocorrer a criação de casquinhas de queimadura na pele... E claro que tinha acontecido comigo! Eu sou rara, não posso esquecer.



Saí do consultório meio tonta, cheia de dor no rosto, como se tivesse pegado sol demais, sem querer falar pra não mexer os músculos da região e a médica se despedia de mim, frenética, já dando boas vindas à próxima vítima... digo, paciente.

Olhei no espelho. Eu estava com o focinho inchado e pescoço avermelhado. Constatei apavorada que em cada furinho onde antes havia um pêlo maldito, havia uma casquinha preta e enorme no lugar. Se eu não queria que vissem meus pêlos, já era, todo mundo iria reparar no meu queixo e pescoço pintadinhos! Que gracinha! E assim voltei ao trabalho, cheia de pintinhas na cara e zonza com a agitação da médica maluca.

Eu ia quase saindo pela recepção com uma listagem de remédios, analgésicos, clareadores de pele e protetor solar fator 50 para comprar, quando a doida da médica veio atrás de mim com uma amostra grátis de protetor solar fator 30 que esqueceu de me dar. Agradeci e saí em câmera lenta. A maluca entrou de volta num piscar de olhos.

E pensar que ainda tem mais 7 sessões pela frente!
Espero que compense. E que as pintinhas saiam logo. E que pare de doer...
Sessão de tortura cara, essa!


0 comentários:

Postar um comentário