quarta-feira, 29 de agosto de 2012


Ela sabia que as coisas erradas deveriam só servir de exemplo na vida. Não era para se aproximar novamente dos erros passados. Era uma mulher consciente. Assim se mantinha livre dos problemas.

Belo dia, o cafajeste se esgueirou pelo monitor do computador e tentou um contato. Coração acelerou, sobrancelhas cerraram, pressionou os lábios com força, sinais de raiva. Não acreditava naquele singelo "oi" após todo o ocorrido. E após tanto tempo.

Dois anos. O erro final havia sido há dois anos atrás. Porque eles não morriam? Que diabo! Haviam dito a ela que fantasmas não existiam, mas de vez em quando um deles vinha assombra-la. Inferno. Decidiu simplesmente fechar a caixinha de diálogo que ele enviara tentando contato. Não valia a pena desperdiçar nenhum tempo, nenhuma palavra, nenhuma energia com aquela besta.

Dia seguinte, outro "oi" a surpreende. Frechou novamente a maldita janelinha, esbravejando alto. Pena que ela não podia bloqueá-lo. Porcaria de programinha. Não podia fazer nada além de desligar o programa de conversas. E desligou pelo resto do dia.

No terceiro dia outro "oi, bom dia" veio perturbar sua paciência. Ela olhou intrigada pala a janelinha de conversa. Incrédula. Ele era burro ou o quê? Não tinha entendido que dois dias seguidos ignorando-o deveria significar "vai pro inferno"? Mas ela sabia que ele era um sujeito sem noção, daqueles que não se mancam e que acham que as pessoas esquecem as merdas que ele fez.

Pensou em lições aprendidas, em outro inteligente ponto de vista de um homem admirável, e decidiu, ao invés de fugir, enfrentar e pelo menos dizer claramente algumas coisas pr'aquele infeliz. Respondeu secamente:
 "Não quero falar com você. Nunca mais. Me esquece!" Fechou a janelinha sem esperar resposta do puto.

Claro que ele não podia parar por ali. E começou seu discurso cafajeste.
"Se você não quiser falar mais comigo eu entendo... Vim só pedir desculpas. Fui imaturo. Blá blá blá"

Tá. Bom pra você, infeliz. Não está dizendo nada que me interesse... pensou ela. Não podia escrever todos os desaforos que pensou, nem queria se desgastar. Com certeza o que ele escrevia era mentira. Aquela besta era incapaz de se arrepender. Só queria era ver se a otária estava à disposição dele ainda... dois anos depois.

Com dignidade, ela respondeu que estava com a vida estabilizada, que respeitava seu companheiro atual, que o sujeitinho devia seguir com a vida dele e levar o que tinha aprendido com seus erros. Que ele tinha feito MERDA demais pra ser considerado. O imbecil ainda pediu uma chance. Cara de pau! "Chance de quê?! Tá maluco?!"

Ele terminou perguntando se podia dizer uma coisa... (outra coisa?!) Ora, se fosse bom teria dito logo. Como quis chamar atenção pro que ia dizer, certamente não seria legal, nem agradável. E ela não queria mais papo. Já havia estendido por tempo demais.

"Não! Não diz nada. Vai ser grosseiro como você.
Adeus."

E ele se foi.



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