terça-feira, 7 de agosto de 2012


 Ele era feliz quando trotava livremente pelos campos, olhando as paisagens, cheirando o vento. Corria solto sorrindo, sem saber bem onde ia parar. O importante era cavalgar à deriva. O caminho e tudo que viesse com ele o interessava. Assim era feliz.

Morava em seu estábulo confortável. Podia dizer que gostava também de ficar só por ali, roendo uns matinhos do jardim próximo e descansando ao sol. Era um cavalo alegre e gostava de companhia, então sempre tinha gente por perto. Bicho sociável esse.

Mas, volta e meia, o cavalo precisava daquela sensação de liberdade, do contato com a natureza, e por isso trotava mais distante do estábulo sempre que podia. A árdua vida de cavalo trabalhador não o deixava ir muito longe na maioria das vezes, mas o cavalo não se importava pois possuía características que o permitiam ir mais longe: sua imaginação e a alegria de viver. Sempre inventava um jeitinho de ir curtir sua natureza.


 Assim, o cavalo vivia feliz. Dava suas pequenas escapadas, cavalgava, perto ou longe de casa, sorria para o sol, rolava na relva, banhava-se no rio ou na corria ao longo da praia, virava cavalo-marinho e  interagia com outras criaturas. Amava a vida ao ar livre.

Porém, o cavalo percebeu que começava a ser tolhido. Às vezes quando queria sair ao sol não encontrava companhia. Outras vezes queria trotar pra mais longe, mas era chamado à realidade, lembrado das tarefas diárias. Mal podia sorrir pensando na próxima escapada e os campos que conheceria, pois era logo repreendido.

Um dia o cavalo olhou em volta notou que havia correntes prendendo-o ao estábulo onde antes só havia conforto. Estava praticamente imobilizado, preso nas sombras, sem poder trotar sem destino. Praticamente morto.


Cavalo ficou triste. Estava sendo amarrado e privado do combustível que tornava suportável trabalhar dia a dia: seus passeios. Olhava em volta e seu estábulo parecia cada vez mais aborrecido e escuro. Entediante.

O cavalo ficava cada vez mais desanimado, os sonhos cada vez mais distantes. Não podia mais sair em suas pequenas escapadas, não podia mais inventar lugares para explorar, não podia mais viver seu pequeno paraíso do dia a dia. Privavam-no até de seus sonhos.



Cavalo fechou os olhos... O sol batia lá fora nas folhas verdes do jardim, mas os olhos fechados do animal não mais podiam ver tal beleza.
Cavalo fechou os olhos... se encolheu sozinho e dormiu no escuro do estábulo sombrio.



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