Praticamente véspera de aniversário. Meus 31 anos. Eu imaginei, aos 30, que poderia agora já ter encomendado o filhote e estaria com a parte financeira da vida estável e um emprego legal... Mas, o marido fez besteira, perdeu o posto e me deixou com um monte de sequelas e fases pra lidar.
Já passei da fase de caçadora. Sexo e mais sexo, com homens intermináveis, com uma voracidade que nem eu sabia ser capaz.
Agora, odeio todos que tocam nesse assunto. Queria mesmo era estar deitada sobre o peito de alguém que me afagasse os cabelos... E que se importasse comigo.
Mas, ao longo dos meses, percebi que não pode ser qualquer um. Meus gostos estão mais exigentes e minha confiança, escassa. Sinto arrepios de pavor só de pensar que posso estar sendo traída, que possa haver alguma mentira... Não consigo acreditar em mais nada. Menos ainda do que eu acreditava antes.
Tive oportunidades durante esse período de ter amantes por tempo indeterminado, de ter namorados... Mas não quis. Alguns nem sequer beijei... Não desejei intimidades. Com outros, a intimidade em seu grau máximo foi tudo que desejei... E nada mais! Fugi de todos.
E agora, quase aniversário, me pego triste, solteira, sozinha, me sentindo abandonada.
Tenho raiva do Marido, pelo que ele destruiu: minha esperança. Mas não posso reclamar, pois ele me deu outra chance de encontrar um homem à minha altura. Homem que ele não era.
Hoje, especificamente, duvido que esse homem exista. Todos que eu conheço têm um problema, não me interessam por algum motivo. E eu me decepciono com suas pífias intenções. Ah, é só sexo? Só isso? Hum, e o que mais? Ah, nada? Jura? Que pouco, hein! Que decepção...
E os sites de relacionamento, abertos o dia todo, não me ajudam, pois só mostram o lado negro da sociedade: idiotas casados querendo cama fácil, ignorantes que escrevem português errado, obesos solitários, belos modelos querendo aumentar a contagem de seu harém... Deveria eu me sentir lisonjeada por receber mais de 10 mensagens desses seres por dia?
Tenho vontade de sair gritando e de erguer um muro pra me defender de todos esses! Mas, no fundo, a esperança de um deles ser uma pessoa decente, compatível com meus níveis de conhecimento e interessante a ponto de me instigar intelectualmente, claro, sendo no mínimo alto e forte o suficiente para me atrair, ainda existe. E me mantém tentando.
Mas estou cansada. Sensação de fim de linha, de que agora nao há mais nada a ser mudado. Em casa sozinha, sem trabalho, sem paciência pra estudar, cuidando de cães e praticamente muda, sem conhecer ninguém no dia a dia, sem interagir. Isso não está me fazendo bem nenhum.
Não sei porque após tantos meses de solteirice e curtindo cada momento, me peguei desesperada esperando um par. De uma hora pra outra estou agoniada por não ter um namorado, nem sequer alguém que goste de mim. Eu sei tão bem que essas coisas são difíceis e só com o tempo acontecem, mas... não estou conseguindo controlar a ansiedade.
Sinto-me a última das mulheres!
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