sábado, 12 de maio de 2012

Toda mudança gera desconforto. Todo desconforto gera vontade de desistir do caminho. E a vontade de desistir gera frustração. É um ciclo terrível liderado por aquela pessoinha que senta no seu ombro e fica te dizendo que não tem problema "comer mais um pouquinho", deslizar "só dessa vez".

Vivi dias de tensão durante o mês de imenso esforço pra seguir minha dietinha e o medo de fracassar mais uma vez, de não ser capaz. A nutricionista fez seu trabalho e tudo agora dependia de mim. O primeiro mês foi um baque terrível: emagreci apenas 800g. Nem um quilo inteiro!!! Fiquei extremamente frustrada! Achei que devia desistir, que eu era um caso perdido.



Mas resolvi continuar tentando. Não podia desistir! Minha saúde (física e mental) dependia dessa mudança. Paranoica, fiz um blog para os pequenos deslizes, que se resumiam em comer 200g de arroz ao invés de 100g ou comer um pedaço de carne no jantar ao invés do iogurte com granola.

Tentei seguir a dieta à risca. Claro que foi impossível, pois a vida não é uma sequência de atos repetitivos, mas fiz o melhor que pude e resisti a muita coisa. Deixei de ir a festas onde haveriam guloseimas, levava meu próprio lanche nas reuniões e fiz extremo esforço para almoçar com os amigos em restaurantes com buffet liberado e comer apenas o que me foi definido pela nutricionista.

Toda vez que pensava em faltar academia, pensava nas calorias que iria deixar de queimar, e arrumava ânimo pra ir, mesmo na sexta-feira, quando tudo que quero é correr pra casa e deitar na frente da um bom filme. Então, aumentei os pesos e me concentrei nos movimentos pra sentir o músculo trabalhando. Confesso que acho isso uma parte divertida de malhar.



As semanas foram passando e eu ia sentindo pequenas diferenças. Diminuí um número na calça; ao invés de 54, estou usando 52. Alguns anéis já me irritam ao dançarem frouxos no meu dedo. Os vestidos pareciam não marcar tanto a silhueta rechonchuda. Algumas meninas da academia vinham me perguntar se eu tinha emagrecido. Pensei "bem, se , usando lycra, já está aparecendo para os outros que eu emagreci, é porque devo ter emagrecido alguma coisa". Mas tinha medo de acreditar nisso. Não aceitava os elogios. Não podia ficar feliz. Ainda não tinha certeza dos resultados...

O medo de fracassar de novo me assombrava. Eu não me permitia ficar feliz por achar que emagreci. Não iria suportar outra sensação de derrota ao ver a balança pouco alterada... Minha dificuldade com números me impedia de lembrar do último quilo e gramas registrados na balança, então eu não sabia se tinha emagrecido muito ou pouco quando me pesava na academia. Mas uma coisa eu sabia: engordar era impossível. O esforço continuava...



Voltei à nutricionista após um mês. Apreensão total. Eu dizia pra mim mesma que embora tivesse emagrecido pouco, era um avanço. Tentava me convencer de que não havia problema em emagrecer apenas uns dois quilos, porque eram dois a menos. Mas meu íntimo queria mais.

Eu lembrava do esforço mensal, de cada dia dedicado a me privar das coisas caloricamente gostosas, das comemorações que deixei de ir por medo de confrontar a comida e da dedicação em comer a cada três horas, sempre me preocupando em levar alimentos saudáveis e práticos na bolsa. Lembrava das lutas diárias com meu inconsciente, "quero comer" versus "não posso comer". Achava que merecia perder mais de dois míseros quilinhos...



E assim fui pra nutricionista. Na sala de espera ouvia através do biombo a consulta de uma garota que ficava praticamente muda enquanto a mãe resolvia com a nutricionista o que ela deveria comer para não engordar. Lembrei com tristeza da minha própria pré-adolescência quando comecei a frequentar consultórios de endocrinologistas, nutricionistas e afins. Lembrei o quanto era ruim ser a gordinha da escola, a que tinha apelido carinhoso de "Gouda", como aquele queijo redondo.

Finalmente minha vez. Entrei falando freneticamente de tudo que eu tinha me preparado para falar, de todos os esforços, do blog de controle dos deslizes que criei, das dúvidas quanto a detalhes da alimentação prescrita... Chegara a hora da balança...

Quatro quilos a menos!!! Vitória! Comecei a sorrir para a doutora, meus olhos se enchiam d'água e ela me dava os parabéns por ter conseguido a resposta ideal do organismo. Eu não conseguia conter a alegria e a surpresa de ter realmente me livrado de quatro e não apenas dois quilos! Durante o resto do dia fiquei pensando naquilo e sorria por dentro. Sensação de missão cumprida! Sensação de prêmio ao final do esforço. Sensacional! Delicioso! Mais delicioso que um chocolate!

Sei que o caminho ainda é longo, dos atuais 103kg para os longínquos 80kg, porém tenho que celebrar comigo mesma a perda de 5kg até agora. É tempo de usar esse estímulo para continuar na luta pelo meu objetivo de ter uma vida melhor. É hora de continuar me concentrando no quê coloco pra dentro do meu corpo.

São os primeiros passos!



1 comentários:

  1. Faça como aconselha nosso amigo "João Bom Jovem"... Keep the Faith!

    Parabéns, pelo trabalho duro, pela preserverança, e principalmente pela vontade e coragem de mudar padrões estabelecidos. Conte com minha colaboração! Sempre!

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