Só

Ouço o silêncio.
O profundo silêncio da noite.
O silêncio contém ruídos do farfalhar de folhas nas árvores, som do vento cortante, de carros distantes, de cãezinhos latindo... e da minha estranha tristeza.
A lua cheia e bela é um lembrete de que está só. A lua é só. Sempre só. Eu me sinto só. Há muito tempo só.

Noite fria e solitária. Sinto-me solitária... É... É daquelas noites...
No peito arde uma angústia, o coração aperta sozinho, pensativo. Lágrimas escorrem pela minha face e, sem perceber, estou chorando, lamentando, sentindo a infelicidade... de estar sozinha.

A casa vazia faz eco. Mas o eco dentro de mim é maior. Vazio no peito.
Encarar famílias feitas não é fácil. Observar as vidas seguindo unidas é mais um lembrete... de que a minha não se une à de ninguém. Construo só. Sinto-me só. Sigo só.

Todas as teorias dos mais inteligentes pensadores e filósofos, psicólogos e amigos não ajudam em noites como essa. E choro numa noite fria como essa... Ninguém pra me esquentar, ninguém pra trocar, ninguém pra me amar...

Cansei de estar só, mas esse não é um problema que resolverei da noite para o dia. Então tenho que passar por noites como essa, que destróem meu coraçãozinho, pisoteiam minha alma e me fazem sentir a última das mulheres.

Bem, é só uma noite.
Edredon e chá me esquentam.
Um filme me distrai.
É uma noite daquelas...