Farei uma ode. Uma ode sem rima nem métrica.
Não será pindárica, como as compostas pelo grego Píndaro, nem anacreôntica, forma de composição poética de Anacreonte, poeta lírico da Grécia (séc. VI a. C.), que cantou o amor, o vinho e a gastronomia. Não pode ser nada disso, pois isso daria trabalho.
Nada de trabalho. A preguiça é avessa a esse tipo de coisa.
Retrato aqui a minha ode à mais extrema preguiça que me assaltou ontem. O mais lento dos pecados capitais interessantes me derrotou na manhã passada. Sim, confesso que me entreguei à preguiça... e com sofreguidão.
Deitada na cama. Olhos não abriam. Teimavam em rejeitar a iluminação do dia que tentava invadir o quarto.
Deitada continuei e me agarrei a ele. Fui abraçada por ele. E pelos braços de Morfeu.
A cabeça dolorida não me animava a abrir os olhos e espantar a preguiça.
Os carinhos dele me animavam a abraçar a preguiça e me deixar levar.
Os lençóis pareciam mais macios. Os abraços mais convidativos.
Convite a amassar os lençóis. Delicioso ninho que me abraçava.
Os cuidados deliciosamente aconchegantes.
Os braços abertos, convite à preguiça.
Esperguicei-me. Não havia relógio à volta. Não importava.
Enfiei a cabeça novamente no travesseiro e sorri.
A preguiça me vencera.
Abri levemente uma fresta nos olhos para verificar se ele ainda estava ali ao meu lado.
Sim, estava. Que delícia saber que ele estava!
Entao decidi: não levantarei.
Remedinho dado na boca, cafuné, escurinho...
A preguiça veio devagarinho... e me tomou.
Apenas a gula e a luxúria tentaram me despertar.
As tentações mais deliciosas. Não resisti.
Depois... dormi.
Abri os olhinhos e já era tarde. A luz do dia se esvaía.
Na cama continuei. Deitada fiquei.
A ele me abracei, e um dia de preguiça experimentei.
Um dia inteirinho...Ouso sonhar com mais dias como esses, quando minha mente fica tranquila, esqueço o mundo lá fora, e repouso o corpo e o espírito... Ouso sonhar com dias como esses, nos quais a linguagem se resume a barulhinhos, grunhidos, sorrisos, beijinhos e soninhos.
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