sábado, 23 de janeiro de 2010




Tentei dormir o máximo que pude. O telefone não me deixou... Droga! Queria não acordar tão cedo para não começar a pensar... e a esperar... ansiosa... Droga! Queria nem me importar com isso!
Mas é sempre assim...

Já fiz várias coisas para me distrair e ainda nem é meio dia! Agora estou aqui desabafando.

Compreendo agora plenamente os sentimentos da Julieta querendo estar ao lado de Romeu e não sendo possível, só escondidos! Tão perto e tão distante...



Tentamos nos encontrar por alguns ínfimos minutos na escada, mas uma sombra colou nele e o impediu de ir ao nosso local de encontro... Ficamos então separados, naqueles mágicos momentos que eram nossos e nos foram roubados pela sombra. Ah, que droga! Eu largaria tudo que estava fazendo por um pequeno e inconsequente encontro com ele naquele cantinho... E ele se foi. Não nos vimos mais.
As horas que se seguiram pareciam vazias. Parecia que eu já não tinha o que fazer ali. Eu agora precisava ir embora dali também, pois tudo mais perdera a graça, o sentido. Mas fiquei... Horas e horas... Insuportáveis horas...

Muito forte essa sensação de perigo, de sedução silenciosa, de provocação, de promessas veladas no silêncio de um olhar, e desejos ardentes escondidos sobre uma fina camada de pele... Viciante.
Aquela sensação única de sentir frio no estômago e calor nas faces ao esbarrar com ele passando por mim, de olhar nos penetrantes olhos esverdeados e ler seu olhar de desejo, de sentir seu leve toque propositalmente distraído no meu corpo, fingindo descuido, e saber que o significado daquilo é um enorme e forte amasso! O silêncio do desejo. O esforço para controlar. A delícia de se deixar entregar no encontro...




E o mais estranho é que não estou com medo. E deveria!
Isso está me assustando agora. Será que fiquei louca? Será que os desejos tomaram conta da minha sanidade? Sem mecanismo de defesa? Que perigo!

Ele brinda "que seja eterno enquanto dure" a nós e me beija com toda sua alma... E eu penso que quero que dure para sempre... Mas sei que isso não existe. Então vou ter que me contentar com o tempo que a realidade me reservar. Acho que posso. Mas só vou descobrir quando a chama apagar.

Mas não vim aqui pensar no final. Estou pensando em hoje. O começo. Ficou prometido que mataríamos a saudade hoje. Aqui, na minha casa, na minha cama. Ele entrará aqui em meu quarto, com todo seu tamanho, e entrará na minha vida de vez. Ele entrará aqui e tomará todos os meus desejos, me terá por completo...
Podíamos ter parado no dia do espumante. Ou depois, quando ele me esperou no carro para ficarmos juntos... Podíamos não nos deixar envolver... Mas nossos corpos e almas querem mais. E não paramos... Hoje... Quem sabe?

Ele fugirá mesmo para me ver? Fico pensando se já acordou. Imaginando quanto tempo levaria até ele chegar aqui. Tento pensar no que comprar para comer, beber, divertir... Arrumo a casa? A cama? Ainda não fiz nada disso, pois fazer qualquer dessas coisas é confessar que estou esperando. E não quero confessar. Não ainda!

Se o telefone tocar, meu coração vai disparar e se a voz dele me chamando de "amor" ou "gostosa" com carinho confirmar nossa tarde juntos, aí sim vou poder relaxar. E acreditar que tudo não é mais uma daquelas promessas de felicidade da Vida... Dessas eu ando farta...

Nem o horóscopo ajuda!

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