quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010






Finjo que não espero, mas fico de pé esperando. Olhos buscando e coração inquieto.
Ele aparece. Coração acelera, frio na barriga. Sinto-me ridiculamente adolescente mas não ligo. Eu gosto.

Ele, ao passar,  fica querendo parar... ficar por ali do meu lado um pouquinho, mas há uma verdadeira multidão animadíssima me rodeando.
Eu noto tristeza em seu olhar nos ínfimos segundos que nos entreolhamos. Fico querendo saber mais dele. Não podemos... 

Primeiras palavras e a precocupação dele é se beijei muito na boca...
Inacreditável que ele sequer pense que desejo outros lábios que não os dele.
Impensável que ele acredite que eu saio mesmo por aí beijando qualquer um.
Incrível que ele não perceba que só quero sua boca tocando a minha.

Se eu conseguisse ficar chateada com ele seria por ele achar que consigo desrespeitar meu coração e vagar por aí, em qualquer companhia, provando qualquer beijo.
Se fosse possível ficar enfurecida com ele seria por ele se diminuir e achar que não tem nenhuma importância para mim, e que posso sair por aí me distraindo com outro beijo.
E eu poderia ficar puta por ele me julgar uma puta. Mas não fico.
Não sou assim. Meu coração é bom (e estúpido) demais para odiar alguém. Não perco meu tempo com ódios, prefiro o amor e o carinho, que me completam.

Passo o dia todo querendo vê-lo, mas ele se esconde em sua toca. Calado. Tristonho. Sozinho. Não resisto e escapo da enfadonha multidão para falar brevemente com ele. Queria mesmo era olhar em seus belos olhos esverdeados e tocá-lo.

Peguei em seu braço e ele pegou no meu... Pareceu feliz por eu ter ido ao seu encontro. Ficamos assim por longos e maravilhosos segundos, como se nos olharmos nos olhos de perto como agora, pudesse amenizar qualquer sentimento ruim.

Olhos tristes ainda, mas sorriram meio de lado para mim. Pensei "meu deus como ele é lindo" enquanto percebia seu olhar percorrendo meu corpo daquele jeito quente... por alguns segundos.
Mas eu não retribuí. Não achei que era isso mesmo que ele queria. Ele não parecia disposto a jogar nosso jogo de sedução hoje. Ele parecia muito triste e eu não tinha como deixar de dar importância a isso. Preocupo-me com seu bem estar mais do que com o meu próprio. Próprio de quem gosta...

Breves instantes e ele me mostrou o que o afligia. Sem maiores explicações. Não entendi muito bem na hora, mas entendi que era grave. Toquei sua barba com carinho, pedindo em vão que ele melhorasse a expressão em seu rosto. Ele deu de ombros, baixando os olhos e me soltando como quem diz "hoje não tem como, me deixe quieto".

Naquela mesma hora senti um enorme impulso de abraçá-lo e cobri-lo de beijos, mas tive que deixá-lo sozinho. Recolhi-me à minha insignificância, reconhecendo de imediato que eu não tinha nenhuma possibilidade de dar amor e conforto a ele ou de resolver seu problema.
Seria também bobagem minha achar que ele iria querer isso de mim. Afastei-me a contragosto - doida para ficar. Meu coração ficou com ele, e eu me fui. Minha mente ficou com ele e não houve mais concentração em coisa alguma do que me disseram, eu reagia no automático, de coração partido por ver um outro coração amargurado. Especialmente o coração dele...

E aqui estou eu, querendo tê-lo por perto para pegá-lo no colo e acariciar seu rosto e seus cabelos levemente prateados dizendo que ficará tudo bem. Queria poder oferecer conforto. Queria poder cuidar dele. Mas provavelmente não é isso que ele quer. Ele é homem, tem seu orgulho, tem suas prioridades, não vai se permitir ser menino magoado no meu colo. Tudo bem, entendo. Mas estarei aqui, caso o menino grande que eu tanto prezo venha correndo pedir ajuda. Sou fiel como um cão.

Não posso sentir senão pesar por assistir a mais uma situação dessas.
Eu já passei por isso, vi meus pais passarem por isso, vi amigas passarem por isso, vi meu irmão nessa mesma situação... E é sempre triste.
Não queria que acabasse mal para eles. Não torço pelo fim amargo de uma promessa eterna. Há sentimentos nunca explicáveis em jogo e as mágoas marcam para sempre. As marcas mancharão o belo sorriso dele por tempos... Não gosto de vê-lo sofrer. Mas não há nada mais que eu possa fazer.

Só posso estar aqui, sofrendo junto, como é da minha natureza, triste por ele e com ele, como não poderia deixar de ser...
Só posso oferecer meu ombro amigo, meus poucos conhecimentos, minhas caridosas mãos e todo meu carinho. Como amiga de verdade. Como ele quiser e precisar. Sou mulher pra tudo isso. Sou mulher pra muito mais.

I'll be there for you.

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