sábado, 6 de fevereiro de 2010




Laudo médico

Sintomas: taquicardia, agitação, insônia, nervosismo, ansiedade, sensação de posse, ciúmes, saudade, vontade de pertencer ao mundo do outro, deslocamento da preocupação consigo mesma para focar no outro, impossibilidade de manter concentração em qualquer outra pessoa ou distração

Sintomas colaterais: alta da libido, rejuvenescimento da pele, maior disposição para enfrentar o dia-a-dia, maior frequência de sorrisos, alta da sensação de alegria

Diagnóstico: Apaixonada
Potencialidade lesiva: Máxima
Estágio: Inicial (intenso)
Cuidados: Recomenda-se o máximo de cuidado. Estima-se que nesse estágio de evolução, não há como controlar a disseminação da doença na paciente.
Medicação: Inexistente, apesar dos estudos. Acompanhamento cuidadoso do paciente.

Recomendações médicas: Paciente deverá refletir profundamente e determinar qual procedimento adotará dos dois possíveis, a saber: manter e intensificar os contatos com o parceiro, o que fará com que a doença se instale completamente, com consequências desconhecidas; ou evitar, a partir de hoje, qualquer tipo de contato mais íntimo com o parceiro, o que resultará na gradual e dolorida regressão da doença até que esta abandone seu organismo, deixando de afetar suas funções sensoriais e físicas.

De acordo com histórico da paciente, que apresenta traços "deliciosamente" bipolares, a fase aguda da doença poderá desaparecer inesperadamente. Também é possível a evolução do quadro pra um ponto ótimo, que seria a total instalação da doença também no parceiro da paciente, formando uma reação química altamente potente e de efeitos positivos para ambos.

A paciente tem total capacidade de conviver com a doença diagnosticada, assim como poderá optar por passar pelo doloroso processo de desintoxicação, mantendo-se afastada do parceiro (ponto focal).

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Leio esse laudo e não acredito! Tecnicamente apaixonada? Ora, o que é isso?!
Não creio tanto assim nos métodos científicos. Mas seria essa atitude uma negação do óbvio? Ou ainda, seria isso tudo mesmo? Posso estar apenas me divertindo e curtindo as sensações que estão vindo para mim e subindo pelo meu corpo... ou descendo pela espinha como um choque elétrico... Posso estar apenas curtindo o dia-a-dia, a brincadeira, o perigo, o desejo do proibido, a deliciosa entrega, a massagem, o toque, o olhar, o beijo, as palavras, o carinho...

Se tudo isso é bom, acredito que não há muito o que fazer no meu caso, já que os médicos condenaram esta paciente a sofrer com suas próprias decisões...

De qualquer maneira, tenho alguns medicamentos paliativos que acredito que posso usar para ajudar na retenção da completa instalação da "doença", mesmo mantendo-se a proximidade com o parceiro. (Já que a proximidade dele é algo de que ainda não quero abrir mão).
Há também a medicina alternativa de que posso me socorrer para o caso dos paliativos não funcionarem, que seria tentar visualizar o parceiro de outro ângulo, menos favorável a ele e assim alterar as sensações físicas e sensoriais que me dominam e fogem ao meu controle. Será que consigo?

Only time will tell.




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